quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Minha fé me salvou... diz taxista de 80 anos seqüestrado em Colatina

Ao lado da mulher e das duas filhas já na sua confortável casa o taxista César Barbosa, 80 anos descreveu os momentos de pavor que viveu ao escapar de um assalto seguido de seqüestro praticado por um casal de bandidos em Colatina.

César contou em detalhes como a fé ajudou a suportar as nove horas que ficou trancado no porta-malas do carro que trabalha no centro cidade até ser libertado por policiais militares na Serra.

Apesar do sufoco, em pleno vigor fisico César não pensa em deixar o taxi. Para ele a tortura psicológica foi o maior dano a sua saúde em decorrência das longas horas no cativeiro sobre um calor de 40 graus.

Entrevista
- Como tudo aconteceu. O senhor não desconfiou de nada que poderiam ser falsos passageiros?

Na hora não. Era um casal de jovens de aparência bem vestidos. Uma mulher até bonita e um rapaz. Era cedo. Por volta das 17h quando pediram uma corrida até o Bairro São Miguel. Depois acho que dei bobeira sim. Ficaram rodando pelo bairro em busca de um endereço. Alegaram que não acharam o tal amigo e iam voltar comigo ao centro. Foi tudo uma armação.

-Como eles anunciaram o assalto?

- Ai foi onde me arrisquei por falta de malícia. Levaram-me para um local ermo do Bairro São Miguel.

O rapaz saltou do banco de trás com uma faca grande a amolada. Agarrou meu pescoço e falou: ‘fica quieto senão enfio a faca até no pé em você. Depois me jogaram no porta-malas e ficaram circulando pela cidade.

-Em algum momento o senhor temeu pela sua vida? O que eles queriam?

-A minha fé me salvou. Conversei com Deus o tempo todo. És onipresente, até o impossível o Senhor realiza Ninguém mais sabe que estou aqui, nenhum homem sabe, só o Senhor. Manda alguém abordar essa gente. Fique tranqüilo devido a minha fé. Eles chegaram a sair da estrada várias vezes, locais esburacados que faziam o carro pular muito. O calor de 40º piorava o meu estado emocional. Roubaram-me R$ 300,00, o celular e diziam que iam levar o carro.

- O senhor chegou a ouvir a conversa deles dentro do veículo? A quanto tempo o senhor trabalha de taxista.

- Deu para perceber pouca coisa. Falavam muito em droga. Das 17h até a madrugada várias pessoas entraram e saíram do meu taxi, inclusive crianças. Estou na praça há mais de 25 anos.

-Como a policia o encontrou?

- Foi quando a viatura passou na mesma rua que transitavam no Bairro El Dourado na Serra. Ligaram as luzes e passaram a dirigir de forma desgovernada. Desconfiaram da atitude do motorista e passaram a persegui-los. O rapaz bateu contra o muro e conseguiu fugir, as mulheres foram presas. Deixou a faca e meu celular no banco. Os policiais me libertaram, me devolveram R$ 122,00 que sobrou. Só tenho a elogiar os policiais agiram rápido e na hora certa. Ficaram comigo até o carro subir no guincho e vir junto com ele na boleia para Colatina.

-O senhor pensar em parar de dirigir o taxi. O senhor já foi assaltado antes?

Há cerca de oito anos foi rendido por dois homens também com faca. Amarraram-me e amordaçaram em pé de café, consegui me safar. Nem por isso penso em parar. Vou continuar a atender minha clientela particular. Gosto de trabalhar. Não consigo ficar parado em casa. Mas ser for passageiro que não conheço não carrego mais.
Fonte: Nilo Tardin/www.seisdias.com.br

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