quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Prédio de luxo volta atrás e domésticas agora podem entrar pela frente


Tiago Félix
Rádio CBN Vitória (93,5 FM 1.250 AM
foto: Tiago Félix
A empregada doméstica Sandra Rodrigues mostra a garangem por onde entrava e, ao lado, a portaria principal por onde passa agora
A empregada doméstica Sandra Rodrigues mostra a garagem por onde entrava e, ao lado, a portaria principal por onde passa agora


Após a polêmica de que empregadas domésticas estavam entrando pela garagem para ter acesso ao Edifício Reserva dos Manacás, localizado no condomínio Chácara Von Schilgen, na Praia do Canto, em Vitória, o síndico resolveu voltar atrás depois de ser pressionado pelos moradores que foram contra a mudança. Nesta quinta-feira (27), as domésticas foram orientadas a entrar e sair pela porta da frente do prédio. A denúncia de discriminação será investigada pelo Ministério Público Federal (MPF).

Segundo as domésticas, na semana passada o síndico, a empresa que administra o Edifício e alguns moradores, decidiram que empregadas não podiam mais entrar pela porta da frente do prédio. As funcionárias estavam entrando e saindo pela garagem. Na noite desta quarta-feira (26), moradores contra a determinação se reuniram com o síndico e decidiram mudar a norma.

As empregadas quando chegaram na manhã desta quinta-feira (27), ainda tiveram que passar pela garagem, como Marli da Conceição dos Santos, de 47 anos, que trabalha na profissão há 9 anos. "Pela manhã eu passei pela garagem ainda, porque ninguém tinha avisado nada. Agora eles  pediram que eu passasse pela portaria normalmente", contou Santos. 

Após ficar sabendo que podia entrar e sair pela porta da frente do prédio que trabalha, a doméstica Sandra Rodrigues de 32 anos, se sentiu vitoriosa. Ela que trabalha na profissão há 15 anos afirma que nunca foi humilhada. Sandra espera que isso sirva de exemplo para que outras pessoas não humilhem ninguém.

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foto: Tiago Félix
Entrada de doméstica pelos fundos de prédio na Praia do Canto
Na quarta-feira a reportagem flagrou empregadas domésticas saindo da garagem do prédio
"Afinal se nós não tivéssemos reivindicado estaríamos ainda entrando pela garagem. Aliás passar pela garagem foi horrível porque tem uma subida que serve só pra carro. Nunca me senti assim, só nesse prédio que fui humilhada. Ninguém é melhor do que ninguém, todos somos iguais", disse a doméstica.

Quem comemorou foi a doméstica Creuza Gregório Oliveira, de 25 anos. Ela frisa que foi muita humilhação para a categoria. "Eles pensam que somos quem? Isso é Muita discriminação, nós não temos quase direito a nada e ainda fazem isso, não pode", frisou a doméstica.

Nesta quinta-feira (27), os responsáveis pela empresa que administra o condomínio foram procurados mais uma vez e não quiseram falar sobre o assunto. No prédio a informação do porteiro é que o síndico não estava.

A denúncia sobre o caso de discriminação das empregadas será apurada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em Vitória. O órgão tem 72 horas para fazer as investigações preliminares, concretizar a autuação e distribuir o procedimento a um procurador do Trabalho que tomará as medidas cabíveis para investigar o caso e assegurar os interesses dos trabalhadores atingidos.

Direitos Humanos 

O Subsecretário de Direitos Humanos Perly Cipriano encaminhou um ofício ao condomínio solicitando uma reunião na Sub-Secretaria de Direitos Humanos para tratar do assunto. O ofício também foi encaminhado aos seguintes órgãos para discutir o assunto como: Ministério Público do Trabalho, Defensoria Pública, Ordem dos Advogados do Brasil, Centrais Sindicais, Sindicatos das Empregadas Domésticas, Delegacia da Mulher e o Conselho da Mulher. A reunião vai ocorrer na próxima semana. 

Fonte:gazetaonline.com.br

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